lundi 23 novembre 2015

provocaciones por Nuno Oliveira


provocações: mais ou menos, falta um Bertold Brecht, nas artes plásticas, um Pasolini, formou-se um equívoco, que as artes plásticas, que as obras deviam seguir, a ordem dos outros objectos de consumo. Mas é preciso ver que o que não são objectos estes tais objectos luxuosos, e mesmo uma produção em artes plásticas, anti-ourivesaria ou luxo, poderá mesmo assim ter um sentido ao questionar, essa mesma ordem que impera, equivocada que falando de arte só falamos de ostentação, ou de valores afirmativos estéticos dessa forma. Uma obra anti, luxuosa afirmativa do horror ou de algum mal feito pode bem ser. Essa mesma afirmação, de não venda de questionamento de ideias e não de sedução, de alguma revolta e afirmação de uma estética de utopias e emancipação. Não se trata de ser melhor ou pior apenas que faz sentido, a sua existência, que é necessária como contra ponto. (...) NOTA - existem poucos produtos de orientação ao consumidor produtos ou serviços que não são marcados de uma forma ou outra pela qualidade de terem que ser "luxuosos". Apesar da crise de 2008, e os recentes relatórios para a crescente discrepância entre as pessoas mais ricas do planeta e os mais pobres, o luxuoso continua a ser a qualidade segundo a qual quase todos os produtos, e quase todos os consumidores desses produtos, parecem aspirar. Apesar deste, ser um conceito que raramente é analisado de forma séria e profunda. (...) Porém há por aí uma neo-institucionalização da arte, um anti informalismo, uma marca perante a insatisfação como valor crítico da arte, que pode ser comparado como o reforço, que também acontece na política de estados autoritários leis anti-manifestação, coerção e espionagem aos indivíduos, fragilidade no trabalho, toda uma negação das formas necessárias de questionar e regular as formas de autoridade. A questão é que ao se obrigar no campo estético, da arte censurando certas obras a favor de outras, a própria censura entre pares quer se fazer, querer que é uma necessidade, uma metafísica do gosto. Quando o que existe muitas vezes é uma obrigação ao encarrinhamento a uma disciplina não discutida de poder. Uma sociedade que não gosta de ser provocada e apenas reage com entusiasmo a obras maestras de esforço e técnica celestial, é por um lado uma sociedade que adora a beleza, mas que para isso se sacrifica politicamente. Que somos agentes activos nisso.

Manuel Montero prosador interminável, musico da voz humana, nos seus apetites domesticáveis e indomesticaveis, em canal aberto, uma dávida para quem acha que a constante exuberância da vida já é um pouco artistica, um amigo para qualquer hora, um interminável, gente desta não aborrece, o que pensa e diz, pode nos tocar, passar ao lado, mas sabemos não espera que fiquemos de boca aberta a olhar para si, não há paciência para isso, de alguma forma parece que joga entre imagens do intelectual de youtube e um sentido muito apurado, de provocação e abstracção, utilizando em plenitude a potência do seu processo de abstracção, deste como contraponto ao utilitarismo, do intelectual dramático, Manuel Montero canta a sua existência, como persistência de uma figuração liquida, o meta-clown ou a extrema humildade de uma voz que se dilui na paisagem do seu quarto. Para mim representa o eterno canto do artista, do estoico intelectual exilado no seu quarto, a afirmação, que, do meta-utilitarismo do capitalismo, o perpetuar a abstracção de afirmar estar se vivo, que essa corrida de fundo, é um acto de extrema coragem.